VIRIATO "Showroom”
Rebordosa, Paredes
2007
Nuno Brandão Costa
Prémio Secil
da arquitectura 2008.
Um
edifício precisa da sua cara.
Adriano Peixoto Silva n51129
Universidade do Minho 19-01-2012
Fotografia: Arménio Costa
Simplicidade e competência para ser um
lugar são duas características que não passaram despercebidas ao Júri que
distinguiu em 2008 o edifício Viriato da autoria de Nuno Brandão Costa como
prémio Secil da arquitectura, mais
alta distinção nacional atribuída a edifícios que segundo os regulamentos do concurso,
premeiam aquele, que utilizando betão
armado como elemento predominante das suas estruturas resistentes, constituem
peças significativas no enriquecimento da arquitectura portuguesa. É importante
referir que o edifico Viriato é um objecto de interesse cultural mas não
necessariamente por sê-lo utilizando
betão armado como elemento predominante das suas estruturas resistentes, embora
deixe transparecer que não o poderia ser de outra forma.
Fotografia: Arménio Costa
O edifício inserido numa envolvente fria,
desinteressante mesmo, distingue-se pela clareza, rigor e simplicidade do
desenho, que revela a disciplina do seu autor e sintetiza o seu percurso desde
os anos de aprendizagem na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
(FAUP), passando pelo estágio curricular no escritório de Herzog & de
Meuron, e pelo percurso linguístico utilizado nos seus vários projectos, de
consciência e rigor construtivo acentuados.
Planta de implantação
À fábrica de mobiliário pré existente
pretendia-se a ampliação de um novo volume que integrasse uma sala para expor a
produção da empresa, para além dos serviços administrativos da mesma. Este novo
volume, que se eleva do chão e desenha-se fino, espalmado sobre a volumetria
sólida da fábrica pré-existente que espreita sob o edifício e se alarga sobre
os seus limites laterais, estabelecendo uma relação simbiótica de proximidade
física, linguagem e materialidade. Esta “mesa” como é apelidado o edifício por
Nuno Brandão Costa, eleva-se do chão com a intenção de não retirar espaço de
estacionamento ao terreno, e se se constituí fino, fá-lo de maneira a manter o
espaço de manobra necessário para os camiões que diariamente acedem às
instalações.
Alçado Frontal
O edifício assume-se assim como a nova
face da fábrica, uma colagem que adiciona composição à imagem anterior da
instituição, essa básica e ritmada pela textura do betão aparente e pelas aberturas
pontuais. Este novo alçado caracteriza-se pela levitação de um corpo
horizontal, sobre dois volumes, um recuado e um outro transparente evidenciando
um dos acessos ao interior, e a aproximação ao edifício é feita sobre a
influencia deste grande espaço coberto que convida a mergulhar sob o volume
principal em direcção à entrada. É desta forma que este vão assume-se como a
entrada principal, não desta nova ampliação da fabrica mas do conjunto
fabrica/showroom.
Fotografia: Adriano Peixoto
Sobre
esta pele o janelão no qual se reflecte a envolvente e sob o qual se lê
“VIRIATO” é uma espécie de logótipo do edifico e da empresa, que fica na
memoria pela sua imprevisibilidade, que contrasta com as restantes linhas
disciplinadas do projecto. É este “ecrã” que dá as boas vindas a quem passa na
rua adjacente, pela sua textura que se define pela cor do dia e se distingue
assim de uma forma evidente de toda a envolvente do projecto, esta sem cor.
Fotografia: Adriano Peixoto
O alçado é ainda constituído por uma
grande fenda horizontal, característica que se estende como referido
anteriormente ao próprio volume. Esta fenda, composta por um envidraçado
recuado confere uma presença altiva ao edifício, de quem quer ver mas não se
quer mostrar, abdicando de algum protagonismo para enaltecer os recortes
visíveis da fachada pré-existente da fábrica.
A ampliação assume-se assim como uma cara que parece estender-se sobre o terreno, porque a fábrica pré-existente não se assume como um outro edifício, mas enquadra-se de forma a integrar-se no novo. Parecem contemporâneos, na forma como se enaltecem e se envolvem, a face e o corpo, um conjunto com pés e cabeça.
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