segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


VIRIATO "Showroom”
Rebordosa, Paredes
           2007
Nuno Brandão Costa
Prémio Secil da arquitectura 2008.



Um  edifício   precisa  da sua  cara.

Adriano Peixoto Silva            n51129
Universidade do Minho    19-01-2012
  


 Fotografia: Arménio Costa

     Simplicidade e competência para ser um lugar são duas características que não passaram despercebidas ao Júri que distinguiu em 2008 o edifício Viriato da autoria de Nuno Brandão Costa como prémio Secil da arquitectura, mais alta distinção nacional atribuída a edifícios que segundo os regulamentos do concurso, premeiam aquele, que utilizando betão armado como elemento predominante das suas estruturas resistentes, constituem peças significativas no enriquecimento da arquitectura portuguesa. É importante referir que o edifico Viriato é um objecto de interesse cultural mas não necessariamente por sê-lo utilizando betão armado como elemento predominante das suas estruturas resistentes, embora deixe transparecer que não o poderia ser de outra forma.

 Fotografia: Arménio Costa     

O edifício inserido numa envolvente fria, desinteressante mesmo, distingue-se pela clareza, rigor e simplicidade do desenho, que revela a disciplina do seu autor e sintetiza o seu percurso desde os anos de aprendizagem na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), passando pelo estágio curricular no escritório de Herzog & de Meuron, e pelo percurso linguístico utilizado nos seus vários projectos, de consciência e rigor construtivo acentuados.
Planta de implantação  

   À fábrica de mobiliário pré existente pretendia-se a ampliação de um novo volume que integrasse uma sala para expor a produção da empresa, para além dos serviços administrativos da mesma. Este novo volume, que se eleva do chão e desenha-se fino, espalmado sobre a volumetria sólida da fábrica pré-existente que espreita sob o edifício e se alarga sobre os seus limites laterais, estabelecendo uma relação simbiótica de proximidade física, linguagem e materialidade. Esta “mesa” como é apelidado o edifício por Nuno Brandão Costa, eleva-se do chão com a intenção de não retirar espaço de estacionamento ao terreno, e se se constituí fino, fá-lo de maneira a manter o espaço de manobra necessário para os camiões que diariamente acedem às instalações.
 Alçado Frontal    

    O edifício assume-se assim como a nova face da fábrica, uma colagem que adiciona composição à imagem anterior da instituição, essa básica e ritmada pela textura do betão aparente e pelas aberturas pontuais. Este novo alçado caracteriza-se pela levitação de um corpo horizontal, sobre dois volumes, um recuado e um outro transparente evidenciando um dos acessos ao interior, e a aproximação ao edifício é feita sobre a influencia deste grande espaço coberto que convida a mergulhar sob o volume principal em direcção à entrada. É desta forma que este vão assume-se como a entrada principal, não desta nova ampliação da fabrica mas do conjunto fabrica/showroom.
 Fotografia: Adriano Peixoto

    Sobre esta pele o janelão no qual se reflecte a envolvente e sob o qual se lê “VIRIATO” é uma espécie de logótipo do edifico e da empresa, que fica na memoria pela sua imprevisibilidade, que contrasta com as restantes linhas disciplinadas do projecto. É este “ecrã” que dá as boas vindas a quem passa na rua adjacente, pela sua textura que se define pela cor do dia e se distingue assim de uma forma evidente de toda a envolvente do projecto, esta sem cor.
 Fotografia: Adriano Peixoto

O alçado é ainda constituído por uma grande fenda horizontal, característica que se estende como referido anteriormente ao próprio volume. Esta fenda, composta por um envidraçado recuado confere uma presença altiva ao edifício, de quem quer ver mas não se quer mostrar, abdicando de algum protagonismo para enaltecer os recortes visíveis da fachada pré-existente da fábrica.

  A ampliação assume-se assim como uma cara que parece estender-se sobre o terreno, porque a fábrica pré-existente não se assume como um outro edifício, mas enquadra-se de forma a integrar-se no novo. Parecem contemporâneos, na forma como se enaltecem e se envolvem, a face e o corpo, um conjunto com pés e cabeça.
   

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