quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Incubadora de Empresas, Manuel Graça Dias, Vila Verde (2006-2008)



o projeto no CONTEXTO

A Incubadora de Empresas IEM – Instituto Empresarial do Minho, trata-se de um projeto financiado por instituições privadas a fim a desenvolverem em conjunto, um espaço que permite a instalação de pequenas e/ou microempresas nos primeiros anos de existência.


Localizado estrategicamente em Soutelo, Vila Verde, às portas da cidade de Braga, é o primeiro edifício do que será no futuro um Parque Industrial, que se pretende dinamizador e estimulador de um crescimento económico e social da região.









Este edifício projetado para custos controlados foi encomendado diretamente aos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, tendo como principal premissa “o mínimo de esforço para um máximo de resultados”.



a FUNÇÃO FORMAlizada

Pela foto aérea (2) é possível perceber a simplicidade formal do projeto; voltado para a Estrada Nacional 101, trata-se de um edifício em forma L, com momentos de exceção no encontro dos dois braços que distribui.

A entrada definida por uma rampa irregular, desafoga num pátio protegido dos barulhos: um espaço mais recatado, ao qual uma outra rampa se vai deslaçando da regularidade que o edifício transmite formalmente.
A visita ao edifício é marcada pelo impacto que este tem na paisagem em que se insere. A sua volumetria e a estética da fachada utilizada, são pontos chave, que permitem a sua perceção ainda na EN101. Um marco no território e uma chamada de atenção que vai sugerindo, à medida que a aproximação é feita ao mesmo, permite que não hajam dúvidas da sua existência. O tratamento do desenho destaca o conjunto, através da utilização de azulejo (material barato e vantajoso enquanto revestimento) azul e branco e o recurso à seriação de uma ilusão ótica.
Um enorme vão é rasgado na fachada Poente (de frente para a rua), marcando a entrada, onde umas escadas simples e diretas descomplicam a rampa que lhe está adjacente.












Uma vez no seu interior, fica clara a distinção: a rótula sugere um momento de encontro, que concentra os espaços comuns, sendo eles uma secretaria/receção, uma sala de administração, um espaço espera, o bar e a sala polivalente (5).
O espaço comum de caráter público, encontra-se bem articulado funcionalmente, de fácil acesso, a partir do qual, dois corredores em duas cotas, onde se distribuem as salas de incubação.




A articulação do espaço comum com os corredores à cota superior é feita através de uma escadaria escultórica que remata a sua forma na cobertura, “escavando-a”, originando entradas de luz indiretas (ou praticamente inexistente, dada a necessidade de colocação de enormes candeeiros nessa reentrância).(6)
As aberturas adjacentes do encontro dos dois volumes emolduram a paisagem envolvente, quer natural, quer construída, sugerindo pequenos retratos do local.

Uma vez nos corredores, estes enquadram no seu enfiamento os campos que envolvem o conjunto, uma paisagem natural característica deste um meio rural (capa). Na cobertura do segundo piso, um desenho sugere a existência de claraboias que iluminariam o escuro percurso de acesso às salas, mas que no entanto se encontram fechadas, devido ao sistema de ar condicionado.








As 19 salas de “incubação”, encontram-se divididas em espaços de 20 ou 40 m2.
As salas de maiores dimensões, menos procuradas, uma vez que muitas das empresas que aqui se encontram são constituídas por uma ou duas pessoas, têm a possibilidade de serem divididas em duas salas independentes , dada a particularidade de se fazer incluir no projeto dois acessos diferenciados e um membro central na cobertura a partir do qual poderão ser alinhadas estantes divisórias ou outro tipo de mobiliário que permita essa mesma distinção espacial. (7)







De mobiliário simples e prático, as salas de maior procura encontram-se voltadas para o pátio central, pela paisagem enquadrada.


O tratamento dos vãos e o controle da luminosidade é feito em função da sua posição e consequentemente da exposição solar a que está sujeito. Os alçados são então diferentemente pontuados por persianas verticais orientáveis (W) ou palas inclinadas fixas (SW e E), enquanto que os vãos voltados a NE não possuem proteção e por isso um desenho de fachada mais limpo. (8)


IMPLANTAÇÃO de uma estratégia
em FUNÇÃO do conhecimento popular


“A Incubadora de Empresas de Vila Verde é conhecida como o edifício dos quadradinhos.”
Filipe Silva, gerente do IEM







Uma interpretação com base nos ensinamentos da doutrina académica adquiridos e com os quais a arquitetura contemporânea portuguesa se tem enraizado, ensinada e difundido, assenta em premissas básicas como a implantação do edifício e a preponderância da sua função.
Princípios sobre os quais a Escola do Porto tem baseado o ensinamento da arquitetura e consequentemente a partir dos mesmos esta se tem vindo a manifestar nos edifícios contemporâneos.

E não estivéssemos a falar de “CONTEMPORÂNEA”, onde se percebe um padrão atípico de abordagem à arquitetura, mas que não vai contra ela, tirando partido das ferramentas que esta dispõem para a definição de uma imagem enquanto tema e assunto.

A clara definição e distribuição do programa e das suas funções articuladas ou independentes, revela um estudo pormenorizado que vai desde a ideia de aproximação ao edifício até à relação que este estabelece com o exterior. No entanto, quando a aproximação física é feita, revela a artificialidade com que estes temas são trabalhados: o contacto com o chão por trabalhar, o estacionamento e passeios indefinidos, a relação da cota da estrada com a cota de implantação do edifício, entre outros.
A Incubadora de Empresas, um projeto claramente controverso, pela estética forçada a que apela, onde dois objetivos são trabalhados, interpretando "para quem" e "para o quê" o edifício arquitetónico se dirige.





















A subversão da função da arquitetura pode estar subentendida, o que tristemente reflete a incapacidade dos arquitetos em transmitir às pessoas as suas intenções, onde o conhecimento transmitido é posteriormente adquirido quando falseia os princípios da mesma.

Um MANIFESTO à academia que estes arquitetos representam, à perda da capacidade de se ligarem às pessoas de uma forma legítima.

“O desenho da fachada é uma mais valia para a sua divulgação, vai de boca em boca , e toda a gente o conhece e facilmente identifica, e vêm cá ver de que se trata.”
Filipe Silva, gerente do IEM





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